Quem frequenta e minha casa conhece o prédio em que eu moro. É um equivalente ao edifício Rajá ou ao Minhoca Palace, só que no Leblon. Não falo isso pela localização e muito menos pela aparêcia. Falo pelos condôminos mentalmente perturbados que aqui habitam.
Voltei ontem às 2 da matina de uma colação de grau de um amigo e estava vendo tv com o Marcelo na sala quando, mais uma vez, tocaram a zona no cortiço. Os vizinhos aqui do lado estavam em sua começão de porrada diária quando ouvimos um barulhão e um silêncio repentino. Dois minutos depois sentimos um forte cheiro de queimado e fomos correndo ver o que era. Não pudemos ver nada. Quando o Marcelo abriu a porta a fumaceira era tanta que tive certeza que íamos todos queimar no mármore do inferno.
Corri então para o quarto para semear pânico nos corações dos familiares adormecidos (mãe e cão). Era como se toda a neblina de Londres estivesse concentrada no hall do elevador e se espalhasse para dentro do meu apartamento.
Nisso apareceram o porteiro, a vizinha do andar de cima e a minha mãe de camisola, todos vagando histéricos no meio da névoa sem saber onde era o foco do incêndio ( e isso me lembrou da minha tenra infância e dos tempos do gato-mia. E por falar em gato, nem me lembrei do Zé. Eu iria deixá-lo para trás para ser lambido pelas chamas. Ria no purgatório, gato safado).
Foi quando então a vizinha gringa abre a porta, com aquela cara de paisagem. "Me descuLpem hãm! Foi o panela com ólea quente hãm! Eu já apagô a fogo hãm.". Fiquei aliviada em saber que meus pertences não iriam virar cinzas, mas puto mesmo ficou o porteiro. Ele lançou aquele olhar repleto de rancor que só uma pessoa que acabou de subir 13 andares de escada correndo ( nunca use o elevador numa torre em chamas) é capaz de lançar.
Parte da cozinha dela tostou. Ela chegou a corer pro hall e pegar o extintor, mas esse lance de "puxar o pino" pra funcionar era complexo demais e ela achou melhor o bom e velho balde d"agua.

Pior que isso só o síndico com herpes no suvaco.