Terça- Feira, Baixo Gávea, 14 de outubro de 2003-10-17

A conversa fluía assim meio inútil, nada de interessante, quase que protocolar quando uma amiga resolve fazer uma brincadeira sobre minha recente e aparente (ênfase no aparente) popularidade. A reação do principal interessado, este sentado a meu lado, foi dar de ombros e lançar a pérola:

- Eu me garanto

Arregalei bem os olhos e virei a cabeça vagarosamente dando tempo para que ele mudasse de idéia

- Ah, é assim é?
- É. Tranqüilo. Me garanto.

Dei um sorrisinho, amarelo e constituído de pura raiva. Cretino! Podia ter dito qualquer outra coisa do tipo "confio nela" ou só abanado a cabeça. Aquilo era praticamente dizer "já levei, ta garantido. Agora já posso até arrotar na mesa que não tem problema".

Ao ouvir este argumento o sacripanta ainda teve a pachorra de reivindicar os arrotos de crédito que eu estaria dando a ele.

A essa altura já estava sentindo minhas veias pulsando de raiva, mas limitei-me a bebericar o chopp.

Na verdade tive ganas de largar o copo na mesa, me levantar da cadeira e ir me jogar no colo de um ex ( dos idos de 1900 e bolinhas) que estava sentado duas mesas à frente.

Ponderei meio segundo e achei por bem desistir. Considerando o tempo que não nos víamos, as condições que terminamos e a loura quebrete ao lado, concluí que não seria uma boa idéia. Provavelmente eu acabaria sendo obrigada a voltar para a mesa com o rabo entre as pernas correndo o risco de ouvir:

- Eu não disse que me garantia?


Então restou provado: eu sou uma banana. Nada fiz diante do desafio. Limitei-me a olhar com cara de paisagem para o colarinho da bebida. Mas nem sempre eu fui assim. O dia de ontem inteiro tentei descobrir em que ponto de minha vida me tornei uma garota- mingauzinho. Nesta busca iniciei a retrospectiva Cherry.

Não estranhem se de agora em diante se depararem com posts que remontam o Jurássico de minha vida.

E a novela, hein?

Até o Tony Ramos com o rsultado do exame de DNA na mão deixou para abrir o envelope depois só para ver o beijo das lésbicas.

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Final de Semana parte II - O sábado, a TPM e o milkshake alcoólico

Primeiro eu afoguei a TPM num pote de brigadeiro de microondas. À noite tomei um drink de sorvete de creme, Baileys, licor de menta e creme de leite. No topo de tudo tinha um biscoito Oreo. E foi um momento feliz.

Resenha do final de semana

Parte 1- A sexta-feira, o sushi e a dignidade da pessoa humana

Eu já tinha pedido um mate natural e já estava escolhendo as peças do rodízio quando me dou conta da armadilha em que me encontrava. Estava sentada num restaurante japonês vizinho a um bar de petiscos com videokê. Jantar ao som de "To nem aí" versão midi interpretada por Fulaninha No-Autocrítica estragou minha noite. O abalo emocional causado foi tamanho que passei todo o caminho de volta para casa meditando sobre o assunto.

Na França já foi decidido muito sabiamente pela Suprema Corte (em caso hilário, diga-se de passagem) que a dignidade da pessoa humana é um direito indisponível. Em outras palavras isso quer dizer que todos têm que ter dignidade quer queiram quer não e que não podem sair por aí a fazer papel de idiotas.

Se a nossa Constituição tupiniquim abraça o mesmo princípio, sou a favor de uma lei que obrigue a todos a agirem dignamente JÁ!

Com esta lei estaria proibido automaticamente:

1- Videokê sem ter tomado aulas de canto
2- Mangas bufantes para maiores de 7 anos
3- Dança da motinho e eguinha pocotó
4- Sunga de bolinha e prancha de isopor
5- Fila de Boite
6- Flash Mob

Esta é obviamente uma lista meramente exemplificativa. O "Amor às escuras" do programa Caldeirão do Huck também estaria abolido pelo enorme potencial ofensivo da atração. Num sábado qualquer tive que assistir tv com um saco de pão na cabeça em solidariedade aos participantes.