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sábado, novembro 08, 2003 |
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A merda de sair por aí nascendo aleatoriamente é que você não escolhe em que família vai cair. Aquelas pessoas unidas por um vínculo genético randômico serão, uns para os outros, uma fonte inesgotável de amor, proteção e traumas.
A família Cherry, da qual eu nunca tinha falado aqui, me proporcionou minhas tão estimadas neuroses e um gosto todo especial pelos filmes de Woody Allen. Sobre eles:
Mamãe Cherry - Artista. Católica semi-beata. Um ser quase espacial. Freqüentemente esquece palavras de sua própria língua e acha que se inventar alguma outra pra usar no lugar ninguém irá notar. Uma vez largou MEU carro na rua e voltou a pé. No dia seguinte gritou dizendo que o carro tinha sido roubado dentro da garagem. Já me esqueceu no colégio também
Papai Cherry - Engenheiro cinquentão. Mora sozinho, se alimenta de queijo cheddar, cerveja e chantily. Aos quarenta passou pela crise do lobo. Vendeu o carro, comprou um jipe roxo conversível e foi aproveitar o Mardi Gras em Nova Orleans. Quando eu tinha 14 anos me buscou numa festa super-fashion e estacionou bem na frente com o jipe roxo conversível com a capota abaixada. E saltou. De pijama.
Avó Cherry materna - Uma fofa. Doida de pedra, capaz de enlouquecer um monge. Já foi assaltada por um macaco e recentemente adquiriu o péssimo hábito de dar xilique no banco dizendo que está sendo roubada.
Avó Cherry paterna - Foi para uma clínica psiquiátrica, tomou eletrochoque e agora está calminha. Não sai na rua, tem medo de gente e nunca foi em nenhum aniversário meu. Faz mapa astral e joga tarô. Anda pela casa fazendo previsões sinistras. Aos 60 anos decidiu que tinha que desencaretar e fumar um baseado. Fumou, e não prestou.
Tia Cherry 1 - Gente boa, inteligente, sarcástica, tudo de bom. Ama cachorros mas rosna pros homens. Nas horas vagas administra os malucos. Tem 45 anos e ainda mora com a mãe
Tia Cherry 2 - Bem mais nova que os demais. Tem 30 anos com cara de 17 e altura de 15. Médica. MORDE. Tem procuração da família para xingar os vizinhos nas reuniões de condomínio
Tio Cherry - Caso perdido. Parou de tomar os remédios do psiquiatra porque o deixavam broxa. Nos anos 80 levou uma equipe de revista para fotografar na piscina da minha avó sem avisar nada para a família. O título da matéria era: Panteras da Playboy. Certa vez quase foi preso tentando defender um primo na delegacia preso por dar golpe em peruas. Desistiu quando descobriu que as acusações eram verdadeiras. É isso aí, criançada. O ladrão do edifício Chopin é meu parente. Só espero que nunca vire um especial do Linha Direta
Bom, enchi o saco e esqueci o que ia dizer. Depois eu continuo.
posted by Cherry
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